#3 Pós-Parto - Os Avós
Ai os avós esses seres que não cabem em si de contentes.
Tão contentes que perdem a noção dos limites.
Compreensivel? Sem dúvida.
Conveniente? De modo algum.
Os avós extasiados nem sabem bem o que fazer à vida deles, a emoção, a alegria, os excessos.
Tive de pôr um travão nos meus pais, estavam a exceder o aceitável. Conversei com o meu irmão e ele também ajudou a falar com eles e tudo melhorou.
Os meus pais entraram em transe, primeiro neto, euforia.
Essa euforia baseava-se em:
- Ligar a qualquer hora.
Exemplo concreto que me levou a explodir, a minha mãe liga às 10h e eu atendo completamente abananada e ela diz "eu não acredito que tu ainda estás a dormir às 10 da manhã e o menino?" e pronto saltou-me a tampa "eu dou leite de 3 em 3 horas, nos intervalos não consigo dormir. Sim estou a dormir às 10 da manhã e o menino também está, a partir de hoje sou eu que ligo quando estiver disponível e não és tu que ligas quando te apetece". A minha mãe amuou, falou com o meu pai que me ligou de seguida para dizer que não era por mal e que a partir desse dia era eu que ligava.
- Aparecer a qualquer hora. São os avós, são VIP, mas não têm livre-trânsito.
Mais um exemplo que me fez explodir, eles saem do trabalho e passam cá por casa. 20h, estou a adormecer o rebento e tocam à campainha, ignorei, uma vez que não estava à espera de ninguém, tocam novamente com mais vigor, vi que eram eles, abro a porta chateada e volto para o quarto onde o rebento tinha acabado de adormecer. Os avós entram, eu peço para não o acordarem porque ele tinha acabado de adormecer. Quando dou por mim, sem ter tempo de pestanejar, já está a minha mãe com ele ao colo. Saltou-me a tampa.
- Ir visitar e reclamar do estado da casa
E aqui vão-me desculpar mas voltamos ao mesmo assunto.
Quem mais se preocupava com o estado da casa era o meu pai, o homem que acha que uma mulher tem de ter a casa sempre um brinquinho para o caso de aparecerem visitas. O meu pai que acha que se estou em casa com o bebé não arrumo porque não quero. O meu pai que acha que é uma vergonha receber alguém e ter estendais com roupa a secar espalhados pela casa (é inverno não tenho culpa). E foi aqui que me saltou a tampa e lhe disse "e é precisamente por isso que não recebo visitas, receber alguém implica limpar a casa e não me apetece".
- Acharem que não sei acalmar o meu filho.
Bebé a chorar desalmadamente, pego nele ao colo, não acalma e o meu pai grita "que aflição dá o bebé à mãe ela é que sabe acalmar" e eu grito "a mãe? Qual mãe? A mãe dele ou a minha? A mãe dele sou eu, quando ele chora à noite sou eu que lá estou, quando ele faz birras sou eu que lá estou, demoro mais ou menos tempo, mas a mãe sou eu!". O meu pai ficou com os olhos muito abertos a olhar para mim sem saber o que dizer e no meio do choro só oiço a minha mãe dizer "ela é a mãe, ela sabe o que fazer".
Os avós paternos, também deram trabalho, parece que nunca cuidaram, nem criaram uma criança, ja falei disto aqui:
- Entrar em pânico porque o bebé está a fazer uma birra gigante, ao ponto de o quererem levar para o hospital (era só sono)
- Achar que um bebé fica mal e desconfortável de calças, os bebés têm é de usar babygrows
- Achar que saltar horas de refeições é pacífico, se ele está a dormir náo se acorda e dar sopa às 16h como almoço é normal
- Um dar a sopa, enquanto o outro lhe agarra as mãos, para ele não mexer no prato da sopa, é aceitável
- Dizer que ele não gosta de peru apenas porque à primeira colherada fez má cara
- Dizerem que a sopa não presta porque é verde do sporting.
- Dizerem que depois quando lhe quiserem dar um chocolate e eu não deixar, lhe dão às escondidas.
A diferença?
Os meus pais entenderam e mudaram o comportamento obssessivo.
Os pais dele continuam iguais. Já avisei que certos comentários vão acabar assim que ele começar a entender e a falar.
Avós queridos nós entendemos o entusiasmo, mas tenham calma. Vocês já tiveram o vosso tempo, deixem-nos gozar o nosso momento com tudo o que isso implica.
Gerir isto é complicado e vocès já se esqueceram.